Como investir o dinheiro do meu precatório?

Atualizado em 18 de fevereiro de 2020 por Flávia

Depois de tanto tempo na fila de espera, muita gente não sabe o que fazer quando recebe o pagamento de precatório. Onde investir o dinheiro do seu benefício? Pois saiba que o valor pode ser aplicado ou utilizado para quitar dívidas.

Neste artigo, vamos compartilhar dicas sobre o mundo dos investimentos. Aprenda investir o dinheiro do precatório, dependendo do seu perfil de investidor, bem como multiplicar seu patrimônio. Aproveite a leitura!

O que saber antes de investir o dinheiro

Se você já recebeu ou está na lista do pagamento de precatórios para 2020, é normal começar a fazer planos com o dinheiro do benefício. Se a ideia é investir em bens de consumo, como uma casa ou carro e deixar o restante na poupança, nossa recomendação é que você repense.

Há alguns anos, era muito difícil ter acesso a conteúdo de finanças com qualidade e de forma tão didática como hoje. Uma das pioneiras é a Nathalia Arcuri, fundadora do Me Poupe! Considerado o maior canal de finanças do mundo, a jornalista já conta com mais de 4 milhões de inscritos no YouTube.

Ela, assim como outros especialistas na área, alerta os brasileiros sobre investir o dinheiro na poupança e em bens passivos (que geram gastos). Isso porque, em um cenário em que a Taxa Selic, hoje, está em 4,5%, o rendimento da poupança, por exemplo, equivale a apenas 70% desse índice. Em resumo, a rentabilidade é bem baixa.

Existem investimentos mais rentáveis do que a caderneta poupança e tão seguros como a tradicional conta em um banco. Para saber qual é o melhor para você, é preciso conhecer melhor o mundo dos investidores e, antes de tudo, seu perfil de investidor.

No início pode parecer complicado, mas depois de ler e pesquisar mais sobre o tema ou conversar com quem já investe, você começa a se familiarizar. Mais à frente, pode até arriscar investimentos em renda variável.

Como descobrir seu perfil de investidor

Você sabe qual é o seu perfil? Esse é um conhecimento importante antes de começar a investir o dinheiro em ativos, já que é ele que vai guiar suas aplicações. Existem três tipos: conservador, moderado e arrojado. Cada um tem suas particularidades e leva em conta fatores como:

  • renda mensal;
  • conhecimento de mercado;
  • situação financeira;
  • idade;
  • objetivos e metas para o dinheiro.

 

A fim de conhecer melhor o comportamento de cada perfil, fizemos um resumo para você descobrir em qual se encaixa melhor.

Conservador

Como o próprio nome já indica, o investidor conservador não está disposto a arriscar perder parte do patrimônio. Por isso, busca ativos com baixo risco e mais segurança. Os melhores investimentos são os de renda fixa, como Tesouro Direto, CDB, LCA e LCI, e Debêntures.

Moderado

O perfil moderado é o meio termo e tem um pouco mais de conhecimento sobre o mercado financeiro. Ainda prefere ativos mais seguros, mas está disposto a arriscar um pouco em busca de mais rentabilidade.

Geralmente, já tem patrimônio formado e procura diversificar a carteira. Desse modo, pode aplicar em opções de renda fixa e destinar parte do dinheiro para ações ou fundos multimercado.

Arrojado

O investidor arrojado é o mais destemido. Como sua prioridade é ganhar mais, aceita correr riscos em troca de uma rentabilidade maior. Ainda que tenha perdas em curto prazo, sabe que essas oscilações são naturais. Assim, seu objetivo é lucrar em longo prazo. Os investimentos mais adequados são os de renda variável, como ações ou fundos imobiliários.

Em geral, as corretoras de valores e até os próprios bancos oferecem um teste para avaliar qual é o seu perfil. Aliás, ambas as instituições são a ponte para você comprar títulos públicos no Tesouro Nacional ou ações na Bolsa de Valores, por exemplo.

Entenda o que é renda fixa e renda variável

Pronto! Você já sabe qual é o seu perfil. Então, agora é a hora de se familiarizar com as aplicações de renda fixa e renda variável para investir o dinheiro do precatório.

Renda fixa

Vamos começar pela renda fixa. É a categoria que reúne os investimentos de baixo risco, considerados os mais seguros do mercado financeiro. Ao investir, você já sabe quanto receberá e quando poderá resgatar o valor, caso não seja uma aplicação de liquidez diária (que você pode movimentar a qualquer momento).

Em comparação com a renda variável, tem rentabilidade menor e alguns ativos contam com isenção do Imposto de Renda (LCI e LCA, debêntures incentivadas, entre outros). Por isso, ela é a mais procurada pelos investidores de perfil conservador e por pessoas que acabaram de entrar no mundo dos investimentos. Veja alguns exemplos de renda fixa:

  • Tesouro Direto (Selic, IPCA ou Prefixado);
  • Certificado de Depósito Bancário (CDB);
  • Letra de Crédito Imobiliário (LCI);
  • Letra da Crédito do Agronegócio (LCA);
  • Letras de Câmbio (LC).

 

Renda variável

Agora chegou a vez da renda variável. É a categoria aquela que reúne os investimentos mais arriscados e com maior rentabilidade. Como seu nome sugere, o valor resgatado no vencimento da aplicação pode variar para mais ou para menos. Em resumo, você não sabe quanto seu dinheiro vai render e corre risco de perdas.

Porém, essa instabilidade provisória traz o benefício de ganhos muito maiores do que nas outras modalidades. Não é por acaso que os investidores mais arrojados apostam na renda variável. Conheça alguns exemplos de renda variável:

  • Ações;
  • Fundos Imobiliários;
  • ETFs (Exchange Traded Fund);
  • Commodities;
  • Câmbio.

 

Apesar de mais segura, a renda fixa já não é mais tão atrativa quanto foi no passado. Isso não significa que você deve deixá-la de lado, uma vez que ainda é uma boa opção para formar sua reserva  financeira. Atualmente, especialistas em finanças aconselham a diversificação da carteira, com parte do dinheiro aplicado em renda variável também. A recomendação é para quem quer multiplicar seus rendimentos.

Ainda assim, mesmo com o cenário de juros baixos, a renda fixa ainda rende mais do que a poupança. Para que você entenda melhor, o Tesouro Selic rende a taxa Selic (4,5% atualmente) e mais uma pequena porcentagem. Já a poupança rende apenas 70% da Selic, com acréscimo da Taxa Referencial (TR), que hoje está zerada.

Dicas para investir o dinheiro do precatório

Agora que você já está começando a entender um pouco mais sobre investimentos, vamos para a parte das dicas, que prometemos no início do artigo. Assim, você pode investir o dinheiro do precatório aumentar seu patrimônio.

1. Tenha uma reserva financeira

A reserva financeira é conhecida por vários nomes, como reserva de emergência, pé-de-meia, fundo de oportunidades etc. Seja qual for o nome, serve para garantir sua segurança em tempos de crise ou imprevistos. O valor ideal é de 6 meses a 1 ano do seu custo de vida.

2. Invista mais em ativos e menos em passivos

Passivo é todo o bem que você gasta para manter, como casas ou carros, por exemplo. Já os ativos são os investimentos que geram rentabilidade granças aos juros. Nessa categoria, estão todas as modalidades de renda fixa e renda variável que você conheceu neste artigo.

3. Diversifique seus investimentos

Ainda que você tenha o perfil conservador, procure conhecer e estudar sobre outros investimentos. O ideal é entender como o mercado financeiro funciona e, a partir daí, montar uma carteira variada. Logo, terá mais chances de multiplicar o valor do seu precatório.

4. Estude para investir melhor

Para dar o passo acima com segurança, você precisa estudar sobre finanças constantemente. O mundo dos investimentos muda com rapidez, então nunca ache que já sabe tudo. Leia livros, acompanhe notícias e acesse canais que são referência no assunto: Me poupe!, Dinheiro à vista, EconoMirna, Rafael Seabra, O Primo Rico e Gustavo Cerbasi.

5. Faça do investimento um hábito

Todos os meses, separe uma parte da sua renda para investir. Não espere sobrar, esse é o primeiro erro. Transforme o investimento em um boleto para você mesmo. Dessa forma, investir logo se tornará um hábito para você e, quem sabe, até mesmo para a sua família.

Gostou das nossas dicas e da breve aula sobre investimentos? Agora você já pode começar a investir o dinheiro do precatório e, com o tempo, colher os frutos. Então, não perca tempo e mergulhe no mundo dos investimentos. Aproveite e confira perguntas frequentes sobre precatórios e RPV!

Daniel Costa

Daniel Costa

Advogado formado pela UFMG, pós graduado em Finanças, Investimento e Banking pela PUC-RS e Mestre em Direito pela UFMG com ênfase em Regulação no Sistema Financeiro.
Autor do livro Precatórios: negócios, mercado e regulação.

Artigos: 125

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